sexta-feira, 21 de outubro de 2011


Experiências de Sofrologia


Gestão da ansiedade e da energia em contexto de prova desportiva

Local: Piscinas Estádio Alvalade, Lisboa
Data: 15 de Outubro de 2011
Evento: Natação Taça Anddi (Associação Nacional Desporto para Pessoas com Deficiência Intelectual) e, simultaneamente, Torneio do Sporting Clube de Portugal
Sofronizando: C.M.
Situação: o início da prova estava agendado para as 17h30m, porém por razões logísticas, e de interesse organizacional, foi solicitada uma antecipação do horário, para que as provas se iniciassem cerca das 16h00.
Nesse contexto, os atletas fizeram o seu aquecimento mais cedo, antecipando-o para as 15h00.
Sabe-se lá porquê? As provas só viriam a ter lugar mesmo pelas 17h30. Com este adiamento de horário, os atletas: (i) perderam o “aquecimento”, e pior do que isso, (ii) entraram em estado de ansiedade (generalizada).

As provas da minha atleta eram testes de capital importância para o seu futuro imediato: (i) era necessário melhorar as suas marcas; (ii) teria de demonstrar capacidade e competência para continuar a integrar a Equipa Nacional que em Coimbra (Portugal) vai defender as cores de Portugal no 1.º Campeonato da Europa para Nadadores Portadores do Síndrome de Down.

Através da linguagem não-verbal da minha atleta – expressão facial, postura corporal, tensão muscular, ansiedade em saber o que iria nadar, quando? Como?, e outros sintomas – de imediato concluí que uma intervenção com as técnicas da Sofrologia seria ideal, para sustentar o estado físico, psíquico e emocional da atleta na sua máxima optimização, de maneira a salvaguardar os interesses dela e do Clube, nesse evento, e nomeadamente nas provas em que iria competir.

Mãos à obra!

Coloquei-me na retaguarda da atleta, que estava sentada na cadeira junto ao cais de partida, e sofronizei-a quanto baste, com a ajuda das minhas mãos, mantendo-lhe os olhos ligeiramente fechados, sem pressão, terpno logos junto ao ouvido direito (recordo que estava em ambiente barulhento).

Depois fiz um SAP (Sofro Aceitação Progressiva) levando-a ao visionamento da prova, desde o salto para a água, ao percurso, à audição das minhas indicações sonoras para determinados procedimentos – correcção de gestos e velocidade – e, finalmente, a alegria de escutar e apreciar os aplausos do público, no final da sua prova.

Ainda assim, as circunstâncias exigiam mais intervenção, e a demora do início das provas conferiu oportunidade para mais trabalho de sofrologia: respiração abdominal, mantendo o tónus de actividade e o relaxamento de circunstância harmonizados, sobretudo a temperatura corporal e a ansiedade em estado optimizado – poupando-lhe desgaste energético precoce.


Verdadeiro sucesso! Estava carimbado o passaporte para a Selecção Nacional! Como disse alguém um dia: “é fácil treinar um atleta, basta elaborar um plano de treino, ajustar as cargas e, com a ajuda de um cronómetro, levá-lo à potenciação das suas capacidades físicas. Pois… E quando isso já não for possível? Quando se tiver esgotado todo esse manancial e o atleta não for capaz de ir mais além? – Aí, teremos de investir na área psíquica!”.

E é isso que eu tenho feito com os meus atletas: liberto-os e e permito-lhes potenciar todas as suas capacidades, de maneira a que eles expressem livre e categoricamente as suas competências, elevem a sua auto-estima, e consolidem o seu sentido existencial.

Na primeira prova (50 m costas), a atleta fez menos 7 segundos (1’.04’’) que o seu melhor tempo (1’.11’’), e ganhou à sua adversária, directa. Na segunda prova (borboleta/mariposa), a atleta fez um tempo “canhão”, menos 12 segundos (de 1’.09’’, para 57’’; na terceira prova (200 m costas), aproximou-se das adversárias directas, e fez um tempo fantástico (de 5.25, para 5’.05’’); finalmente, em 50 m livres, a marca fixou-se em 57’09’’, quando o seu tempo de inscrição era de 1’07’’.

E muitas pessoas, técnicos e público, atletas e dirigentes se interrogavam: mas como?!... Mas que maravilha!...

No mesmo evento, outro atleta (Síndrome de Down) seria objecto de sessão sofrológica, aqui mais na visualização dos gestos e na auto-sugestão. E também ele seria bem sucedido, pois num total de cerca de 20 atletas, ele que concorria pela primeira vez, fez um excelente 4º lugar nas duas provas em que participou: 25 m livres, e 50 m bruços.

Estes resultados começam a “convencer” as pessoas do poder da Sofrologia! E nesse sentido, muitas têm sido as solicitações de outros atletas para trabalhos extra!

Experimentem, e sintam como um atleta objecto de trabalho sofrológico se sente um verdadeiro “pote” de energia positiva…, que de tão positiva, até desgasta e enerva quem está ao lado deles! A tal ponto, que aumenta a rivalidade, e quiçá a inveja…

Não se diz que a mudança (com a sofrologia) incomoda e pode trazer-nos “amargos de boca”?


Joaquim Hernâni Dias
Master em Sofrologia
Porto/Portugal
Outubro/2011