sexta-feira, 1 de julho de 2011

Experiências de Sofrologia

Foto de Joaquim Hernâni Dias: Presentaçao da sofrologia na Faculdade Fernando Pessoa, Porto, Portugal.
8-9 de junho 2011.


A minha experiência no mundo da Sofrologia – e que mundo! Tão infinito, tão rico, tão excêntrico, tão absorvente, tão atractivo! Tão genuíno! – até ao momento tem demonstrado que quem entrar nesse universo, corre o risco sério – positivo, obviamente – de nunca mais de lá sair.

Vencidas que sejam as dependências – familiares, culturais… -, modificadas que sejam as lentes de observação da realidade – que é sempre aquilo que se vê em função do nosso “estado de alma” desse momento -, gravados que sejam os mecanismos do grounding, - “aqui e agora”, presentes - a liberdade neste mundo da sofrologia é absoluta, e tão maravilhosa…, tão “sagrada”…, que chego a admitir que o POSITIVO - desta ciência, academia, ou escola, chamemos-lhe o que quisermos – acaba mesmo por tornar-se numa outra “dependência”.

Uma dependência de cariz diferente, seguramente. Quiçá mais forte, e susceptível de transportar qualquer indivíduo ao supremo paraíso do seu Ser Absoluto.

Abandonar este modus vivendi, seria qualquer coisa como voltar a um estado patológico, anormal, quase bárbaro!

A Sofrologia é interessante e tanto mais eficaz, quanto maior for a preparação do sofrólogo. Quanto mais o sofrólogo for capaz de aplicar os conceitos e as técnicas no dia-a-dia, primeiro a si-mesmo, depois espontânea e naturalmente aos seus companheiros, aos seus alunos, aos seus pacientes.

E era este aspecto que gostaria de realçar neste artigo. Que a formação do sofrólogo é importante, mas a sua praxis não o será menos, porque quanto mais genuína e intuitiva, holística ela for, mais fácil e bondoso será o seu trabalho com qualquer indivíduo que se manifeste existencial e potencialmente desarmonizado.

Mas deixo, ainda, uma outra “dica” para a aplicação da sofrologia.

Nesta praxis diária perdi a noção do tempo! Não por má gestão, mas simplesmente porque são inúmeras as solicitações terapêuticas – as pessoas estão cada vez mais desencantadas com a medicina tradicional, não só pelas dependências que ela cria, mas ainda pelos custos dos medicamentos, e sobretudo pela falta de Humanidade… – formativas – no âmbito da medicinas alternativas em Universidades, Escolas Secundárias e Primárias… - e é grande o meu envolvimento na divulgação da sofrologia – em meios desportivos, empresariais e mais recentemente em meios corporativos (enfermeiros, fisioterapeutas).

Mas a verdadeira nuance está no treino dos meus pacientes.

Primeiro ministrando o ensino das técnicas da sofrologia adequadas caso-a-caso, como é recomendável.

E, depois, integrando-os numa praxis quotidiana em que eles próprios sob minha orientação e apoio, a vão aplicar junto de outros indivíduos que a procuram, ou dela necessitam.

A comunidade dos praticantes tem aumentado desta maneira.

E por este método, a absorção dos princípios da sofrologia, e a verificação dos seus resultados - imediatos, ou não -, facilita não só a gravação do positivo e da vivência do positivo em maior profundidade nas células neurológicas de cada indivíduo, como, ao mesmo tempo, se torna como que uma resposta “racional” – muitos são cépticos relativamente aos benefícios da sofrologia – às potencialidades do intuitivo e do “não-racional”, em transformar as pessoas e fazê-las viver mais momentos de felicidade – sobretudo pelo paradoxo, e deixando de lado a contradição, dois conceitos tão queridos de Carl Jung, que vê no paradoxo a forma de viver a vida plena e feliz, com todas as suas possibilidades; e na contradição, tão típica do mundo Ocidental, a forma atípica de viver a vida apenas de um só lado, unipolarmente.

E nesta perspectiva a Sofrologia é uma terapia muito forte que leva as pessoas a viverem a felicidade dos opostos, a tomarem directa ou indirectamente consciência dos opostos e deles tirarem os mais proveitosos benefícios.

No fundo, não será esta a nossa Cruz? Procurar a harmonia entre os opostos? Umas vezes encontrando a fusão, outras vezes a divisão?


Joaquim Hernâni Dias
Master em Sofrologia
Porto/Portugal
Junho/2011